sábado, 22 de fevereiro de 2014

Dicionário Céline, por Eric Laurrent

"O objetivo deste trabalho é o de restaurar todos os usos da linguagem de Céline a partir de seu léxico. Ele também pretende construir uma rede de referências da crítica celiniana quando se questiona a linguagem.

Este trabalho parte do princípio que não se pode compreender a obra de Céline apenas com os conceitos da leitura mais óbvia, a compreensão das palavras que formam uma sintaxe particular, a serviço de um estilo que geralmente controla a elipse e sua compreensão. Esta dimensão da leitura, óbvia para muitos, é menor para aqueles que falam uma língua diferente do francês. Esta é essencialmente a pretensão deste dicionário que inclui todos os neologismos e gírias muito pouco conhecidas.

Refiro-me, sempre que possível, à edição das Pléiades, que atualmente é composta por quatro volumes . Entende-se que o vocabulário popular e gírias de Catherine ROUAYRENC desses volumes, embora incompleta, é a referência principal. Qualquer reversão é indicada como tal. Outro item útil: o Dicionário não convencional francês publicado pela Larousse, cujo Rey Alain é um dos editores. O trabalho sistemático, em algum momento futuro, permitirá multiplicar as referências a estudos publicados (especialmente aqueles de A. Juilland , da Universidade de Stanford )."  Eric Laurrent

Link para o Dicionário de Neologismos -Célinehttp://duclos.tripod.com/Dictiona.htm

Site do Autor (escritor, tradutor): http://duclos.tripod.com/lisere.htm

<< ... a fantasmagoria triunfa!... >>

"O câncer vence! ... O número de vítimas cresce e cresce ... seis, sete em cada dez pessoas morrem! ... E não percebem o velho aviso! ... pleno de crianças, de comungantes ... que a natureza está provocando! Ela quer você para alguma coisa, ele faz cócegas em dois de três átomos, você é puzzle, e encontra muito mais! ... uma dupla força lhe empurra, um triplo da força! ... Um olhar sobre a parte inferior do estômago! todo a sua perpetuidade falha, quebra! ... natureza ... sua máscara interna ... dois porcos-espinhos nascem em sua pleura, resolvem mordiscar o diafragma ... a fantasmagoria triunfa! .. . uma metade de seu rosto está sangrando, à parte, incha ... seu sorriso congela em grânulos fedorentos... a natureza se satisfaz..."

Louis-Ferdinand Céline, Fable pour une autrefois, Gallimard, 1952.

quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

Archival Readings, Interviews, Performances, Songs, Radio Broadcasts [MP3]

Archival Readings, Interviews, Performances, Songs, Radio Broadcasts [MP3]

http://www.ubu.com/sound/celine.html

Céline Vous Parle (Disque Festival, 1958) 10:55
L.-F. Céline Entretien A Meudon Avec Marc Hanrez (1959) 28:30
L.-F. Céline Entretien Avec L.-A. Zbinden Pour Radio Suisse-Romande (1957) 28:15
L.-F. Céline Entretien Avec Louis Pauwels (13:33)
Entretien Inédit (9:18)
Le Chaland Qui Passe (3:02)
Mort A Crédit: Le Certificat D'Etudes (7:58)
Mort A Crédit: Le Départ Pour L'Angleterre (16:08)
Mort A Crédit: Les Vacances En Famille (6:16)
Réglement (3:43)
A Noeud Coulant (2:23)
Réglement (3:43)
Voyage Au Bout De La Nuit: La Guerre (21:16)
Voyage Au Bout De La Nuit: La Mère Henrouille (13:10)
France Culture - UNE VIE, UNE OEUVRE, Louis-Ferdinand Céline (1988) avec Frédéric Vitoux (85 min)
Louis-Ferdinand Céline - Frédéric Vitoux - Louis-Ferdinand Céline sur Radio France et Arte (1988-2005-2007)


domingo, 9 de fevereiro de 2014


Céline embuçou um soluço, enquanto todos os outros se agachavam no chão frio do salão. Um salão sem grandes pesos, cheiro úmido de sofá guardado no inverno, único sofá no meio do salão, levemente empoeirado e com sinais de armazenamento, já ensaboado pra volta do verão. Salada de alface rúcula e mostarda, Reilnam come e franze a testa. Há uma mesa aberta para os convidados. Céline injuriado. Música pequena é chata praquelas pessoas. Assobiam pra ele, e ele volta o nariz estrambólico para todos os lados ao mesmo tempo como um vira-lata. Continua a falar das esfarrapadas enormes, das noites perdidas pela insônia. Disfarçou outro soluço, sentou no chão e voltou a falar. Parou de falar e sapateou. Uma veia enorme saltava do rosto de um dos deformes, uma menina pendurada no corrimão da escada com uma ansiedade terrível de mijar nas calças, sem conseguir, resmungando sem emitir nenhum som, vibrando como uma taça quase caída no chão ou como aquele outro homem velho de meia idade, ali, sentado no sofá babando todo. Histórias disléxicas e um quarto embuçado de pequenos cosméticos na parte dos fundos, abaixo da varanda vazia. Um ou dois pacientes de Celine vieram buscar a morfina. A coitada da Sõnia fedia a tabaco ruim e tinha rosto amassado de tantas operações plásticas faciais. Pediu um pouco de morfina. Aquela menina pendurada na escada com a bexiga borbulhando, também. Sentados no sofá, três pacientes  esticavam a mão sobre o joelho, esperando a pinçada da morfina. Foi dormir sem mesmo escovar os dentes, uma fumaça entrava pela janela acima do armário. Ao lado, outro armário caído, estendido como uma vítima.