Ao ler o Portrait d’un antisémite,
de Jean-Paul Sartre, Céline viu-se tomado pela fúria e jurou “dar cabo
desse aborto" do Sartre. Chamou o filósofo de “enfermidade epileptóide e
porcaria”, que estaria “a precisar de um pontapé no rabo, de uma
bordoada”. Gostaria de “partir-lhe o focinho, de o deixar sem ponta por
onde se lhe pegasse”. Quis publicar sua resposta, A l’agité du bocal, que constitui, do começo ao fim, uma enfiada obscena de palavrões. Céline começa chamando o filósofo de Jean-Baptiste Sartre, tratando-o de parasita que se alojou em seu ânus (Céline parece fixado na fase sádico-anal) e abusando de metáforas escatológicas:
"Agarrados ao cú… cagarolas,
semissanguessugas, semitênias… verme retal, embrião… o merdas… olho do
cú infecto!… merdoso, empanturrado de merda, sais do rego do cú… Ânus de
Caim, cestóides!… No meu cú, que é onde ele está… crosta de meu cú
genial… escuridão do meu ânus… A merda seca do meu cú… olhos de feto…
Tênia… Embrião… Tênia dos cagalhões, falso girino… Tênia trocista e
filosófica… Monstro saído das merdas…"

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