domingo, 9 de fevereiro de 2014
Céline embuçou um soluço, enquanto todos os outros se agachavam no chão frio do salão. Um salão sem grandes pesos, cheiro úmido de sofá guardado no inverno, único sofá no meio do salão, levemente empoeirado e com sinais de armazenamento, já ensaboado pra volta do verão. Salada de alface rúcula e mostarda, Reilnam come e franze a testa. Há uma mesa aberta para os convidados. Céline injuriado. Música pequena é chata praquelas pessoas. Assobiam pra ele, e ele volta o nariz estrambólico para todos os lados ao mesmo tempo como um vira-lata. Continua a falar das esfarrapadas enormes, das noites perdidas pela insônia. Disfarçou outro soluço, sentou no chão e voltou a falar. Parou de falar e sapateou. Uma veia enorme saltava do rosto de um dos deformes, uma menina pendurada no corrimão da escada com uma ansiedade terrível de mijar nas calças, sem conseguir, resmungando sem emitir nenhum som, vibrando como uma taça quase caída no chão ou como aquele outro homem velho de meia idade, ali, sentado no sofá babando todo. Histórias disléxicas e um quarto embuçado de pequenos cosméticos na parte dos fundos, abaixo da varanda vazia. Um ou dois pacientes de Celine vieram buscar a morfina. A coitada da Sõnia fedia a tabaco ruim e tinha rosto amassado de tantas operações plásticas faciais. Pediu um pouco de morfina. Aquela menina pendurada na escada com a bexiga borbulhando, também. Sentados no sofá, três pacientes esticavam a mão sobre o joelho, esperando a pinçada da morfina. Foi dormir sem mesmo escovar os dentes, uma fumaça entrava pela janela acima do armário. Ao lado, outro armário caído, estendido como uma vítima.
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