O Nascimento de uma Fada é o primeiro dos três balés apresentados dentro de "Bagatelles por une massacre", reeditado em 1959 no Balé sem música, sem pessoa, sem nada. A relação de Céline com a dançarina Lucette Almansor, sua futura esposa, é provavelmente a origem da decisão d'o escritor se lançar neste gênero de escrita. Esse balé, escrito entre 1935 e 1937, é o mais longo dos três. Céline mescla sacro e mágico, algo já rascunhado na Lenda do Rei Krogold inserida em Morte à Crédito. Como os outros argumentos de balés propostos por Céline, este balé não será apresentado em cena. Os temas de voyeurismo e dança aqui aparecem como obsessão de Céline.
Argumento
Céline assenta decoro bucólico à uma albergue de uma vila. Situando seu balé em "Louis XV", o escritor associa encantamento, leveza e dança ao universo da floresta e do bosque onde coabitam animais gentis, elfos e Evelyn, uma rapariga bonita.
Ela está envolvida com o Poeta, mas a velha Karalik, uma bruxa que pode ler o futuro, lança uma maldição sobre ele. Na vila, o diabo convida-os para espiar o interior do albergue, agora estúdio de dança onde se movimentam jovens bailarinas. O Poeta se apaixona por uma delas, esquecendo Evelyn. Desesperada, ela vai até uma clareira no meio da floresta, onde encontra um caçador que acabara de matar uma corça. Ela conta sua história e um dos espíritos da dança oferece a Evelyn uma 'cana de ouro' que lhe permite dançar divinamente. Um cigano, invejoso das dança de Evelyn, a apunhala sob ordens da bruxa Karalik. Morta, sozinha em cena, é logo cercada por pequenos espíritos, que lhe trazem de volta a vida, graças a algumas gotas da Lua. A última cena acontece no Castelo do Diabo. Todos os personagens se encontram para um banquete gargantuesco. O Poeta é acorrentado à uma mesa. Karalik e Evelyn se reencontram. Graças a um sinal de magia, Evelyn faz o Castelo desmoronar, e os dois amantes se encontram no bosque. O Poeta pede perdão à Evelyn, que se torna fada. Ela desaparece com seus íntimos, enquanto ele permanece sozinho no cume d'uma pedra, cantando seu amor impossível...
Nenhum comentário:
Postar um comentário